Por treze votos a oito, incluindo os que deram a palavra aos servidores e voltaram atrás, o projeto de reajuste salarial zero foi aprovado na noite de quinta-feira (6). O episódio teve completo clima de malandragem e, parafraseando um título de filme, poderia ser chamado de 13 homens e nenhum segredo. Ou seja, estes não enganam a ninguém. É um triste quadro, em que não se pode confiar na palavra nem de um pastor. O pior é que o comando da votação, realizada muito às pressas, escarnou mais ainda o quanto se pode ser venal – do dicionário: relacionado à venda.
Um dos opositores do projeto definiu bem o tom adotado. “Não podemos fazer uma votação como se fosse um jogo de futebol”, disse Chico Nogueira (PT, primeiro mandato). Ele se referia à velocidade com que Adilson Júnior (PTB, terceiro mandato), presidente da Câmara, conduziu a votação do projeto. Como quem segura uma batata quente, com medo da reação das galerias, chegou a tentar impedir o voto de Telma de Souza (PT, terceiro, mandato) em um dos itens do projeto. Ela havia se ausentado e retornou. Foi cena típica de um capataz, ou, na expressão popular, um pau-mandado.
Adilson foi um dos que disseram que votariam a favor dos servidores. Na hora “H”, votou contra. Mais uma vez mostrou que não é confiável. Este parlamentar tem dados nada honrosos no histórico. Em certa ocasião, para não votar as contas rejeitadas do ex-prefeito e ex-patrão, Beto Mansur, mandou colocar um gesso no braço. Depois, constatou-se a farsa. Dele, nada se poderia esperar.
Também mentiram para os servidores, Antonio Carlos Banha Joaquim (PMDB, sexto mandato), Geonísio Boquinha (PSDB, terceiro mandato), Linconl Reis (PR, primeiro mandato), o pastor Roberto Teixeira (PSDB, terceiro mandato) e Sérgio Santana (PR, segundo mandato). Além destes, Manoel Constantino (PSDB, nono mandato) foi o primeiro a roer a corda, na sessão de segunda-feira, encerrada antes da votação. Com este parlamentar, os eleitores que já tiveram tempo de se manifestar nas redes sociais, não foram nada amigáveis.
A eleitora Elisa Almeida criticou a falta de palavra. “Sinceramente esse senhor demonstra o quão podre está a política dá nossa cidade”. Para José Roberto Alonso, não houve surpresa. “Nunca acreditei no voto dele a favor dos servidores. Sempre tem o rabo preso com os prefeitos”. Alexandre Marques apontou o excesso de mandatos de Constantino. “Sinceramente, vereador não ter limite de reeleições é um absurdo e cria este tipo de gente, político totalmente desinteressado e distante do povo”. Simone Medeiros dos Santos tocou na questão da eficiência. “Já era de se esperar. Há tantos anos vereador e me diz se alguém lembra de algo relevante em prol dos cidadãos santistas.” Aleksandra Pereira questiona o voto do eleitor. “Isso é que é político profissional, de carreira! Não entendo como o povo ainda compra absurdos como esse!”
Mais do que a votação de um projeto de lei, a sessão de quinta (6) foi muito esclarecedora sobre a relação do Legislativo com a população, incluindo naturalmente os servidores municipais. Se a Câmara vive de costas para a cidade, os que ajudaram a dar o “passa-moleque” na categoria profissional são os principais atores deste enredo de filme de gangster. O projeto foi votado com a categoria em greve, para forçar uma negociação. A eles foi negada a reposição da inflação do ano anterior. Tecnicamente foi aplicada uma redução dos salários. Com o auxílio destes senhores citados.
Para o eleitor Flanki Ataides, o que se viu foi a prática da relação feudal. “Alguém em sã consciência acredita em vereadores? Na verdade o poder legislativo no Brasil (e em Santos não é diferente ) se tornou um anexo do executivo, um balcão de negócios, uma relação humilhante entre o prefeito (o senhor feudal ) e o VARIADOR… “ Natasha Franco Amorim fez um alerta. “Vai povo, guarde bem esses nomes na hora de votar, vergonha na cara eles não tem“.
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