Back to School - Modern Boho Meet the Teacher (4)

Já falamos aqui na página sobre o PL 334/2022, do vereador Sérgio Santana (PL, 3º Mandato), que visa mudar o nome da Rua Guaiaó, no bairro Aparecida, em Santos, para Alameda Armênio Mendes. 

Mostramos também que TODAS as falas de munícipes na audiência pública sobre o assunto, sem exceção, se manifestaram contrariamente à alteração, por significar uma ameaça à preservação da história da Cidade e, ao mesmo tempo, um apagamento da cultura dos povos originários, já que a designação “Guaiaó” era o nome indígena da Ilha de São Vicente, que compreende as cidades de Santos e São Vicente, conforme citado na escritura das primeiras terras doadas a Pero de Góis, em 1532, ano da fundação de São Vicente, quando ele chegou à região como integrante da comitiva de Martim Afonso de Souza.

O fato é que quando se trata de votar projetos de interesse de grupos econômicos, a Câmara de Santos é extremamente eficiente. E assim, na sessão desta quinta (22), em primeira discussão, ficaram do lado do grupo de ascendência portuguesa (não contém ironia) os vereadores:  Ademir Pestana (PSDB, 5º Mandato), Adilson Jr (PP, 4º Mandato), Augusto Duarte (PSDB, 2º Mandato), Benedito Furtado (PSB, 6º Mandato), Edvaldo Menezes o Chita (PSB, 1º Mandato), Fabrício Cardoso (Podemos, 2º Mandato), João Neri (DEM, 1º Mandato), José Carlos Gonçalves, o Tiganá (PP, 1º Mandato), Lincoln Reis  (PL, 2º mandato), Roberto Oliveira Teixeira – o pastor Roberto, que disse há duas semanas que os índios que aqui viviam representavam a “barbárie” (Republicanos, 4º Mandato) e, claro, o autor do projeto, Sérgio Santana (PL, 3º Mandato)

Abriram mão de votar, ou seja, ficaram em cima do muro, Adriano Piemonte (PSL, 1º mandato),  Fábio Duarte (Podemos, 1º Mandato) e Chico Nogueira (PT, 2º Mandato)

Apenas a vereadora Débora Camilo (PSOL, 1º Mandato) votou contrariamente.

O PROJETO

A propositura segue agora para votação em segunda discussão, antes de ser sancionada pelo prefeito Rogério Santos (PSDB). O mais irônico é até abril, ele não poderia nem ser pautado, já que a legislação determinava que mudança de nomes e logradouros só poderiam ser mudados com a aprovação de ⅔ da população.  

Coincidentemente, no mês passado, a Câmara aprovou e o prefeito sancionou um Projeto de Emenda à Lei Orgânica justamente para dar plenos poderes aos vereadores de conferir e alterar denominação de próprios, vias e logradouros públicos. O autor do projeto? Adilson Jr (PP, 4º Mandato), líder do Governo e amigo próximo da família Mendes. Saiba mais aqui:

Veja abaixo um trecho da matéria que publicamos na semana passada, após a audiência pública montada para fazer a cidade acreditar que a mudança foi discutida com a população.

“Agora, analisemos mais de perto toda a situação armada. Numa cidade que ‘quase’ não tem problemas (contém ironia), o nobre vereador Sérgio Santana propõe uma mudança de nome de rua e, o que é o pior, quer colocar no ostracismo uma denominação que faz referência aos povos indígenas para enaltecer um empresário. 

Se na audiência os vereadores e assessores de vereadores tentaram montar um palanque para arrancar aplausos à ideia e ao Grupo Mendes, não foi bem o que acabou acontecendo. Enquanto o autor do projeto e o advogado da empresa tentaram enaltecer a nova denominação da via onde estão os principais empreendimentos da construtora, todos os munícipes que foram à tribuna da audiência se colocaram contra a retirada do nome Guaiaó do mapa santista.

Um dos argumentos é de que o poder financeiro estaria literalmente financiando, com o apoio dos órgãos públicos, o apagamento da história de Santos, afinal, Guaiaó era como os índios que aqui viviam chamavam a ilha de São Vicente, onde está localizado o nosso município. 

E mais do que isso: a mudança simboliza uma reedição mais moderna do apagamento da cultura dos povos originários, que tanto sofreram – e ainda sofrem – com a invasão dos portugueses, a partir de 1500. Tudo isso com o protagonismo de um empresário (falecido em 2017) de ascendência portuguesa e que já foi largamente homenageado pela Cidade, de enredo de escola de samba a nome de teatro.  

Fica a pergunta: agora que a audiência mostrou que não há aprovação popular, o projeto vai seguir adiante mesmo assim? Pela fala final do vereador, sim.”

É o que estamos vendo… 

VEREADORES DE SANTOS, PARA QUEM ELES TRABALHAM? 

GOVERNO DE SANTOS, A FAVOR DE QUEM GOVERNA?