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O Legislativo Santista não se emenda. Quando surge um projeto que finalmente pode impactar positivamente a vida de boa parte dos contribuintes, entra em ação a operação “Senta lá, Cláudia”.

Na primeira sessão do segundo semestre, a Câmara, obedecendo a orientação do Prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), enterrou de vez, por 11 votos a 5, o projeto que limita o tempo de espera na fila da travessia para Guarujá.

Alegando ser inconstitucional, por se tratar de um meio de transporte intermunicipal, o Executivo diz que há falhas no texto. O autor do projeto, Antônio Carlos Banha Joaquim (MDB, 5º Mandato), apontado na sessão de ontem como pré-candidato a prefeitura, tentou convencer os demais a derrubarem o veto. A fidelidade da maioria ao Governo falou mais alto do que o martírio que todos os dias os motoristas passam para chegar à Ilha de Santo Amaro.

Além do autor, apenas Benedito Furtado (PSB, 5º Mandato), Fabrício Cardoso (PSB, 1º Mandato), Francisco Nogueira (PT, 1º Mandato) e Telma de Souza (PT, 3º Mandato), votaram para derrubar o veto.

Até presidentes de Comissões Especiais de Vereadores (CEVs) pertinentes, como a CEV da Travessia Santos-Guarujá, comandada por Sadao Nakai (PSDB, 3º Mandato), e de Mobilidade Urbana, comandada por Fabiano Reis (PR, 1º mandato), foram contra a propositura.

O Governo do Estado e a Dersa agradecem. O prefeito, que se isenta de ajudar a resolver o problema, também.

No fundo, Banha já sabia o que viria pela frente, mas não deixou de aproveitar o momento para elevar sua visibilidade. Em reportagem ao jornal A Tribuna, no dia 30 de maio, o parlamentar já afirmava não acreditar em sucesso. “Em uma casa que possui 21 vereadores e pluralidade de ideias, só posso garantir meu voto”, declarou na época.

E como temos mostrado, o movimento da Câmara tem sido sempre o mesmo. Para que se estenda a visibilidade dos edis o tempo máximo possível, dão um jeito dos projetos tramitarem até o fim, mesmo tendo consciência de que não terão força para brecar um veto do Executivo. Assim, derrubam quantos pareceres contrários das comissões forem necessários e aprovam os projetos. Depois, recebem aquele passa moleque do Governo e fica o dito pelo não dito.

Lembramos que a Câmara de Guarujá aprovou lei semelhante, com sanções para pressionar a Dersa. Falta a regulamentação, porém, como em Santos não houve o mesmo passo, pode ser que do lado de lá tudo continue como do lado de cá: horas de filas, restrição ao direito constitucional de ir e vir e muita impaciência para pagar por um serviço péssimo.